domingo, 23 de agosto de 2009

Capítulo 14

Sua fisionomia se transformou. Ficou visivelmente irritado. Calou-se e assim seguimos nosso caminho. Achei aquilo estranho, mas não fiz nenhuma pergunta e permaneci em silêncio.
Quando chegamos no início da ponte, o trânsito estava todo parado.
Era uma blitz envolvendo polícia militar, civil, federal e rodoviária. Vários carros sendo revistados.
Paramos o carro e em seguida um policial chegou até a janela do carro:

- Boa noite, os documentos do carro e do senhor.

Douglas abriu o porta-luvas do carro para pegar os documentos, nesse instante deixa cair de dentro uma foto, que cai justamente sobre minhas pernas. Peguei a foto e vi o que não queria. Douglas e uma loira, abraçados. Mesmo estando um pouco escuro, pude perceber a beleza da mulher da foto. Era linda, diria talvez, magnífica. Coloquei a foto de volta no porta-luvas e permaneci em silêncio.

O policial verificou os documentos do carro e de Douglas, vendo que se tratava de um oficial da aeronáutica logo tratou de liberar, sem revistar o carro.

Seguimos o caminho em total silêncio. Douglas estava visivelmente chateado e seu rosto antes iluminado deu lugar a um rosto frio e sombrio.

Chegamos em casa e, meio insegura perguntei:

- Nos vemos amanhã?

De forma fria falou:

- Não sei, eu te ligo.

- Está bem, então tchau.

Não tive coragem de beijá-lo, ele estava completamente estranho. Olhei em sua direção, baixei a cabeça e abri a porta do carro.

Nesse instante Douglas me segura pelo braço:

- Espere Bia, desculpe. Fui ríspido com você, mas acho que o cansaço tomou conta de mim.

Olhei fixamente em seus olhos:

- Olha, Douglas. Não sei porque você ficou assim, estranho, mas se não queres me falar, tudo bem, é um direito seu. Mas antes de descer deste carro, quero te perguntar algo e quero uma resposta sincera. Essa mulher da foto é sua esposa ou algo parecido?
Fez um breve silêncio e a resposta foi direta.

- Não é minha esposa, é minha noiva.
Seu rosto, antes frio, deu lugar ao alívio, percebi lágrimas em seus olhos.

- Bia, é uma longa história, eu pretendia te contar, mas nossa tarde foi tão agradável que não quis terminá-la dessa forma. Semana que vem eu te ligo, vou te explicar tudo. Nesse final de semana meus pais vêm de SP e vou ficar com eles mas, por favor, não pense coisas erradas a meu respeito. Gosto de você e não quero te magoar e muito menos te perder. Promete que vai me ouvir?

Um comentário: