domingo, 23 de agosto de 2009

Capítulo 9

Nem me recordo do filme, sei que tinha aviões, helicópteros, bombas e muita ação e sei que os seus olhos estavam sempre em minha direção.
Quando saímos do cinema, a chuva fininha estava de volta, paramos na cobertura.

- Espere aqui, vou buscar o carro e venho te buscar.
- Nem precisa, não sou como açúcar, não vou derreter não, vou correndo contigo até ali, é pertinho.

Então, bem no meu ouvido e de forma suave ele falou:
- Não é açúcar, mas é doce.

Bem, é impossível descrever aqui o que senti. Nunca em minha vida tinha sido tratada dessa forma, com tanta gentileza e carinho. Mas pensei: "Esse é mestre em cantadas".

Ele foi buscar o carro e ali fiquei, esperando. Então escuto umas vozes bem conhecidas:
- Olha só, é a Bia. Nossa, mas que "chique" essa mulher! Tá diferente, até salto alto.
Eram meus amigos da faculdade, tirando onda com minha cara, rindo e fazendo piadas.
- Vamos na Baturité, Bia? O pessoal todo vai se reunir por lá hoje. Vamos?
- Hoje não dá, mas outro dia a gente combina, ok.
Nesse instante, Douglas estaciona o carro em frente ao cinema, desce e abre a porta. Meus amigos ficaram ali, olhando a cena, em silêncio. Com certeza as piadas iam rolar durante toda semana.
Embarcamos e saímos. O Douglas fez um convite para tomar alguma coisa. Pensei em minha mãe, ela havia dito para ir direto pra casa após o cinema, mas achei que não teria maldade alguma beber um refrigerante. Aceitei o convite.

Fomos a um barzinho com música ao vivo. Muito aconchegante, com arquitetura medieval e luz de velas. Dartanham. Esse era o nome do barzinho. Nunca havia entrado naquele lugar. Fiquei encantada, a música era suave e de boa qualidade, nada de som alto. Sentamos em uma mesa mais afastada, longe do movimento e do barulho.

Com todo cuidado, puxou a cadeira para que eu tomasse assento.
Era tanta gentileza, que chegava a ficar sem graça, não era habituada a essas formalidades. O meu mundo era outro. Saíamos em turma, cada um puxava sua cadeira, disputava as melhores cadeiras nos bares, enfim, completamente diferente do que estava vivenciando no momento.
Ficamos lado a lado, juntinhos, onde podia sentir a sua respiração.
Pedimos um refrigerante e camarão. Imediatamente lembrei-me de Fernando e comentei sobre o almoço daquele domingo.
- Meu irmão levou a melhor naquele dia. Acabou almoçando com você... rsrs..
- É verdade moçinha, fiquei triste com sua ausência no Cassino. Havia pedido ao sargento para lhe entregar o convite, cheguei a pensar que o convite não havia sido entregue, mas assim ficou mais charmoso e minha curiosidade em relação a você aumentou.Nesse momento, segurou minha mão, olhou firme em meus olhos e novamente seus lábios quentes encontraram os meus e o beijo ficou mais intenso, o mundo era nosso. Meu coração pulava no peito e podia sentir que o dele também. Mas aquele instante durou apenas alguns segundos, pois percebemos que os copos estavam sendo colocados na mesa. Ficamos conversando e ele ouvia atentamente minhas histórias, demonstrando um real interesse por aquele meu mundo quase infantil. Alguns casais estavam dançando. A música era lenta e agradável. Douglas fez o convite, e claro, não resisti.
Nossa, como ele era alto! Dançamos algumas músicas e os beijos foram inevitáveis. A noite transcorria de uma maneira rápida e minha vontade era de parar o tempo. Olhamos o relógio, passava da meia-noite. Minha preocupação era com minha mãe, pois ela havia pedido para ir para casa após o cinema. Hora de ir embora.
Ao estacionar em frente de casa, percebi que a luz da sala estava acessa, com certeza minha mãe estava esperando.
Despedimos-nos com mais beijos e antes de descer do carro, Douglas falou:

- Quer ir amanhã comigo na base aérea? Vamos fazer cross. Você gosta?

Odiava moto, morria de medo, mas respondi prontamente:

- Que legal! Adoro moto. Aceito. Então, até amanhã.

2 comentários:

  1. Haha! Quando o coração fala mais alto que a razão, não tem jeito.Isso foi o que aconteceu com a Bia, ao se apaixonar perdidamente por Douglas. "Nem precisa, não sou como açúcar, não vou derreter não, vou correndo contigo até ali, é pertinho". Ótima comparação, adorei esta frase. Estou "segunrando" a sua história, para me manter curior, só para não chegar ao fim. Está excelente! Meus parabéns!

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  2. hehehehehe..... a Bia caiu na cantada... rsrsrs... Tadinha, muito ingênua.... rsrsrs..

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