domingo, 23 de agosto de 2009

Capítulo 5

Chegamos em casa e meu irmão, como sempre, se enfiou no banheiro primeiro. Comecei a contar sobre os acontecimentos do dia para minha mãe, não escondi nem um detalhe. Contei tudo sobre o deus grego que tinha um nome, Douglas.

Logo veio o conselho de mãe:
- Cuidado, esses homens mais velhos são os mais perigosos. Você não deu o telefone né minha filha?
- Mas ele não é velho não mãe, deve ter uns 27 ou 28 anos, no máximo. Não mãe, claro que não dei o telefone, nem pensar, mas até que eu queria viu.
- É mesmo? E era realmente bonito?
- Se era. Só que é muita areia pra meu caminhãozinho.

O ruído da porta anunciava que meu irmão estava saindo do banho, então peguei minhas roupas e toalha e fui para o chuveiro.
Que banho bom... Me enchi de espuma, parecia difícil tirar aquele cheiro de combustível de avião, levei quase uma hora embaixo daquele chuveiro. Dá-lhe sabonete "Lux."

Ao sair do banho minha mãe vem correndo:
- Bia, você falou que não deu o telefone, mas o tal de Douglas acabou de ligar e queria falar com você. Inclusive falou seu nome completo.
- Como assim, nome completo? No meu crachá só tinha Beatriz e eu nem dei o telefone! Juro mãe, não dei telefone mesmo. Como ele falou?
- Eu atendi, ele perguntou por Beatriz Cristina, então falei que você estava no banho e que ele ligasse mais tarde. Nossa, que voz bonita mesmo minha filha. Que educação, bem simpático, mas cuidado, esses tipos são os piores. Veja bem aonde você vai se meter.

Fiquei pensando: Como ele sabia meu nº de telefone? Como conseguiu? Não demorou muito e o telefone tocou novamente. Senti um frio na espinha. E agora? Atenderia ou não? Lá veio minha mãe fazendo sinal, logo percebi que era o deus grego, o tal de Douglas.
Fui atender:
- Alô.
- Boa noite, é a Bia?
- Sim, sou eu. Quem é?
Fiz-me de boba, é claro que eu sabia de quem se tratava. E que voz!!! Meu Deus, era de tirar o fôlego.
- Sou eu, o Douglas, lembra?
Deu para sentir o riso na voz.
- Claro, como vai? Que surpresa, mas como você conseguiu meu telefone?
Eu tremia igual vara verde. Não conseguia acreditar naquilo.
- Procurei na ficha de inscrição do Clube de Aeromodelismo. Tinha até uma foto sua. Pena que não foi possível conversarmos melhor hoje, o dia foi muito corrido. Então, está de pé nosso jantar hoje?

Minha vontade era de dizer: Sim, sim, sim... Mas a voz de minha mãe ecoava na mente: "Cuidado, esses são os mais perigosos." Logo a emoção deu lugar à razão.
- Bem, é que estou muito cansada. Como você disse, o dia foi muito corrido. Quem sabe outro dia, você liga e combinamos algo.
Houve um breve silêncio e deu para sentir em sua voz certo desapontamento.
- Compreendo, o dia de hoje foi muito movimentado. Vou te ligar outro dia, então combinamos um jantar ou um cinema.

Eu queria me dar tapas na cara àquela hora, de tanta raiva que sentia de mim mesma, afinal o que mais queria era dizer “vamos jantar sim, pode passar aqui, vou voando!”. Mas o conselho de minha mãe falou mais alto. Então, o jeito foi me despedir:
- Isso, vamos marcar um cinema qualquer hora. Mas fiquei feliz com seu telefonema.

Despedimos-nos e desliguei. Fiquei ali, ao lado do telefone, parada, tentando acordar, parecia que estava nas nuvens ou sonhando. Logo tratei de ligar para a Fabi:
- Amiga, nem te conto! Adivinha quem ligou? Estou nas nuvens Fabi, nas nuvens!
Sorrindo, a Fabi já falou:
- O deus grego? Eu sabia... Aquele olhar de hoje a tarde deu para ver tudo, o cara ficou caidinho também. É amiga, você está poderosa!... rsrs....
Ficamos conversando e dando risadas, tentando decifrar as intenções do deus grego.

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