domingo, 23 de agosto de 2009

Capítulo 3

A decolagem foi perfeita, o avião respondeu muito bem ao novo motor. O vôo foi excelente, até fiz umas manobras mais arrojadas. A aterrissagem foi macia. Melhor impossível.

Sorrindo de satisfação, olhei para o deus grego. Cadê? Sumiu. Não estava mais lá.

Perguntei para minha amiga:
- Cadê aquilo?
- Olha lá, está vendo aquele avião ali? Pois é, ele entrou lá, com aquela repórter da RBS.

Passados alguns minutos, o avião em que ele estava levantou vôo.
Continuamos nossas brincadeiras e vôos. Passaram-se algumas horas, até que chegou um soldado e entregou em minhas mãos um convite para almoçar no Cassino dos Oficiais. Não entendi nada, pois o combinado é que todos nós do grupo de aeromodelismo iríamos almoçar no refeitório da Base, junto com os soldados. Achei que havia um equívoco no convite, então me dirigi ao presidente de nosso clube e entreguei a ele o convite, pois afinal, entre os aeromodelistas, o presidente é quem decidia tudo, era o nosso "chefe", portanto, o convite deveria ser dirigido a ele.

Eu e minha amiga resolvemos passear pela Base e ver a exposição. Havia vários aviões abertos para entrar e um instrutor explicando como tudo funcionava naquelas máquinas.

De repente, ao meu lado, quem passa? Ele. O deus grego. Logo atrás, aquela repórter da RBS que não saia do pé dele.

Pensei comigo: "Essa mulher não é boba. Será que já trocaram telefones? Mas que idiota! O que eu tenho a ver com isso”?

Fomos almoçar, comemos no refeitório dos soldados, batemos talher, cantamos a música que os soldados cantavam, e a diversão foi garantida. Nosso presidente não estava, pois almoçava no Cassino dos Oficiais, um prédio ao lado.

Retornamos aos nossos vôos, pois a SBT havia pedido para gravar uma reportagem com todos do grupo, voando. Novamente um vôo tenso, mas perfeito. Quando pousei meu pequeno avião e sorria de satisfação, senti que alguém estava observando, e lá estava ele, o deus grego. Parado, com as mãos na cintura e um leve sorriso nos lábios. Pude perceber que os lábios eram grandes e os dentes perfeitos. Meu Deus, o ar quase me faltou.

Senti, naquele momento, que ele viria em minha direção. Prendi a respiração - não estava acreditando - mas a repórter da RBS logo veio atrás e puxou-o pelo braço. Pronto, lá estavam eles novamente juntos.

Então comentei com a Fabi:
- Imagine se “isso” iria me dar bola! Aquela repórter é toda poderosa, com aquele salto alto, cabelo de novela e aquele traje ultra feminino... Nossa, nem se compara com meu agasalho amarelo com listas vermelhas e tênis. Sem dizer do meu perfume, que agora é só óleo Castrol!

Caímos na gargalhada e continuamos nosso passeio pela Base. Fomos para o campo de pouso dos helicópteros, pois iria começar uma demonstração de resgate. Paramos em baixo da asa de um avião Bandarulha (Avião Bandeirante de Patrulha).

Ali ficamos observando a demonstração e de repente, em minha direção... Vem o deus grego. Ele me olhou nos olhos e deu um sorriso.
Pela primeira vez, ouvi sua linda voz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário